Meditação bíblica


Actos 15,7-9: Agir, compreender, colaborar
Pedro disse aos Apóstolos e aos Anciãos: «Irmãos, sabeis que Deus me escolheu, desde os primeiros dias, para que os pagãos ouvissem da minha boca a palavra do Evangelho e abraçassem a fé. E Deus, que conhece os corações, testemunhou a favor deles, concedendo-lhes o Espírito Santo como a nós. Não fez qualquer distinção entre eles e nós, visto ter purificado os seus corações pela fé.» (Actos 15,7-9)

Lucas passou muito tempo a preparar este capítulo 15 do livro dos Actos. Desde o capítulo 10 do mesmo livro que Pedro, Barnabé, Paulo e outros têm estado com os pagãos anunciando-lhes a Boa Nova. O leitor pode compreender de diferentes formas que este comportamento, tão chocante para outros judeus, é apenas pura obediência a Deus. É Deus quem está a agir, é ele que envia estes homens e desperta a fé nos não-judeus, para espalhar a todo o Universo a salvação que está em Jesus Cristo. Podiam surgir questões, nomeadamente para os judeus: como se pode isso harmonizar com a história do nosso povo, com a nossa «religião»? Mas, no final, todas as objecções, por muito legítimas que possam parecer, não foram suficientemente fortes face a esta única pergunta de Pedro: «Quem era eu para me opor a Deus?» (Actos 11,17).

Quando a Igreja se reuniu em Jerusalém, naquele que por vezes foi chamado o primeiro Concílio, não foi para decidir o que Deus tinha direito de fazer. Não é isso que é pedido à Igreja. O seu papel é discernir a acção de Deus e de se pôr em harmonia com ela. E o que se revela nestes capítulos-chave dos Actos é que Deus quer ir ao encontro de todos os seres humanos. A sua salvação deve chegar até aos confins do mundo (Actos 1,8). O leitor descobre que há em Cristo um potencial de universalidade que pode surpreender os próprios discípulos. Será que conhecemos antecipadamente tudo o que Cristo pode assumir? Saberemos antecipadamente o que significa o facto de que o Evangelho deve ser pregado a toda a criatura? A resposta dos Actos é clara: não. Os discípulos foram chamados a dar passos (como a visita de Pedro a Cornélio, no capítulo 10) cujas consequências e sentido só mais tarde puderam compreender. Também é assim na vida da Igreja: Deus conduz; abre novos caminhos, concilia aquilo que num primeiro olhar nos poderia parecer incompatível; só mais tarde se tem consciência do que aconteceu e talvez isso se possa então expressar. Essa segunda etapa é no entanto importante. Significa a aceitação consciente do projecto de Deus. É isso mesmo que significa esta expressão, que nos pode parecer estranha: «O Espírito Santo e nós próprios resolvemos…» (Actos 15,28).

- Alguma vez tive experiências que me abriram a Deus antes de eu me conseguir explicar a mim mesmo o sentido do que vivi?

- Que consequências tem o facto de acreditarmos que é Deus que conduz a vida da Igreja? O que exige isso aos colaboradores de Deus?

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