Meditações de Taizé


Dezembro

Apocalipse 3,14-22: Um sim que permanece sim

Ao anjo da igreja de Laodiceia, escreve: «Isto diz o Ámen, a Testemunha fiel e verdadeira, o Princípio da Criação de Deus: ’Conheço as tuas obras: não és frio nem quente. Oxalá fosses frio ou quente. Assim, porque és morno - e não és frio nem quente - vou vomitar-te da minha boca. Porque dizes: ’Sou rico, enriqueci e nada me falta’ - e não te dás conta de que és um infeliz, um miserável, um pobre, um cego, um nu - aconselho-te a que me compres ouro purificado no fogo, para enriqueceres, vestes brancas para te vestires, a fim de não aparecer a vergonha da tua nudez e, finalmente, o colírio para ungir os teus olhos e recobrares a vista. Aos que amo, eu os repreendo e castigo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te. Olha que eu estou à porta e bato: se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, eu entrarei na sua casa e cearei com ele e ele comigo.’ Ao que vencer, farei que se sente comigo no meu trono, assim como eu venci e estou sentado com meu Pai, no seu trono. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.» (Apocalipse 3,14-22)

Na última das sete mensagens enviadas por São João aos Cristãos da Ásia Menor, Cristo Ressuscitado descreve-se como o «Ámen», ou seja, como o «sim» definitivo de Deus aos seres humanos, mas também como o «sim» da humanidade em resposta a Deus (ver 2 Coríntios 1,19-20). No entanto, ele fala a uma comunidade que não está a viver este «sim» inteiramente. Assim como a reserva de água da sua cidade, os crentes não são frios nem quentes; eles estão satisfeitos consigo próprios e vivem numa espiritualidade medíocre. Este aviso de Cristo parece feito à medida para uma sociedade como a nossa, onde tantas possibilidades se estendem diante de nós, fazendo-nos correr o risco de esquecer aquilo que realmente importa, de saltarmos de uma coisa para outra em vez de fazermos compromissos profundos e a longo prazo.

Ao mesmo tempo, e paradoxalmente, os cristãos de Laodiceia têm uma imagem bastante elevada de si próprios; eles pensam que já «chegaram». Cristo diz-lhes que, na verdade, eles não têm nada. Ele não lhes diz isso com o objectivo de os condenar, mas, ao contrário, de os incentivar a pedir aquilo que lhes falta. Com efeito, se Deus dá livremente àqueles que vêm a si com as mãos abertas, é preciso, como condição prévia, que tomemos consciência das nossas necessidades. Aqueles que estão demasiadamente preenchidos com aquilo que pensam que adquiriram tornam-se incapazes de receber os dons de Deus (ver Lucas 18,9-14). Aqui o autor também faz uma referência implícita às características da cidade de Laodiceia, um centro económico com uma indústria têxtil e um hospital para tratar doenças dos olhos.

Em seguida, Cristo explica as razões das suas críticas utilizando um provérbio parecido com aqueles que podemos encontrar em muitas civilizações. O Antigo Testamento apresenta-nos um exemplo: «Porque o senhor repreende aquele a quem ama, assim como o pai ao filho a quem quer bem.» (Provérbios 3,12). Os pais que desejam uma vida plena para os seus filhos, não podem aceder a todos os seus desejos; às vezes têm de impor limites. Da mesma forma, embora Cristo seja sempre «sim», devemos perceber que, às vezes, esse «sim» é manifestado através de um «não» a comportamentos que podem ser nefastos.

A mensagem termina com duas promessas impressionantes. Deus nunca nos força a aceitá-lo, pois ele deseja uma relação de amor, e ninguém pode ser obrigado a dar ou a receber amor. Como um homem pobre, ele continua a bater à porta do nosso coração. Quando nós a abrimos, ele oferece-se para partilhar intimamente a sua própria vida connosco, expressa pela imagem clássica do banquete, mas aqui transposta para uma relação entre duas pessoas. Finalmente, promete que aqueles que permanecerem fiéis irão ocupar o seu próprio lugar e partilhar a sua própria autoridade, assim que ele tome o lugar daquele a quem chama «Pai». Um cristão é, assim, chamado a tornar-se um alter Christus, um outro Cristo, na plenitude de uma comunhão com o seu Senhor.

- De que forma somos nós «nem quente nem frio»? Como podemos redescobrir entusiasmo e vitalidade na nossa fé, tanto individualmente como em comunidade?

- Que experiências negativas me ajudaram a crescer espiritualmente? Alguma vez senti que a minha pobreza interior foi transformada pela presença de Deus?

- O que podemos fazer para abrir as portas do nosso coração a Cristo?

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