Reflexão mensal


Julho

Salmo 1: A «lei» que dá vida
Feliz o homem que não segue o conselho dos ímpios,
nem se detém no caminho dos pecadores,
nem toma parte na reunião dos libertinos;
antes põe o seu enlevo na lei do Senhor
e nela medita dia e noite.
É como a árvore plantada
à beira da água corrente:
dá fruto na estação própria
e a sua folhagem não murcha;
em tudo o que faz é bem sucedido.
 
Mas os ímpios não são assim!
São como a palha que o vento leva.
Por isso, os ímpios não resistirão no julgamento,
nem os pecadores, na assembleia dos justos.
O Senhor conhece o caminho dos justos,
mas o caminho dos ímpios conduz à perdição.
 
(Salmo 1)


O primeiro Salmo começa com uma palavra que anuncia aquilo a que todos aspiramos : a palavra «abençoado» ou «feliz» refere-se a uma existência que é verdadeiramente viva, autêntica. Evoca uma alegria de quem é verdadeiramente aquilo que deve ser. Esta plenitude de vida é expressa pela imagem de uma árvore, que reúne, de forma magnífica, a ideia de estabilidade (é extremamente difícil desenraizar uma árvore), frescura (possui muitas folhas verdes) e de fecundidade. A ela se opõe a «palha», as películas secas e vazias que o vento separa do grão de cereal.
Há um segredo para esta vida autêntica? Há uma via para lá chegar? O salmo indica o caminho e é, ao mesmo tempo, uma espécie de celebração. Em primeiro lugar, menciona, em oposição, o caminho dos «ímpios», dos «pecadores» ou dos «libertinos» que será, talvez, a maneira mais fácil de seguir os apelos da sociedade ou os seus próprios desejos imediatos sem reflectir. A felicidade de uma vida verdadeira em plenitude concretiza-se de outra forma: é a consequência de uma atitude interior, a de um homem que «põe o seu enlevo» na «lei do Senhor» e a deseja «meditar».
À primeira vista, este caminho pode parecer paradoxal: «lei» e «prazer» não são palavras que associemos espontaneamente. Quando ouvimos a palavra «lei», pensamos, geralmente, num conjunto de regras. A «lei» de Deus é totalmente diferente. Aquilo a que a Bíblia chama «lei de Deus» não é um rol de normas a seguir, mas sim o projecto de Deus para a vida humana, um projecto de amor, de alegria, de confiança e de paz. O salmo não chama «felizes» aos que seguem escrupulosamente as regras, como se Deus estivesse interessado numa conformidade de vida aparente. Não são as regras que importam, mas, sim, compreender que a intenção de Deus em relação a nós é bela, alegre e criadora de vida. A «lei de Deus» é expressão da Sua vontade para nós, aprendida através dos ensinamentos das Escrituras e através de toda a história da Sua relação com a humanidade. E a vontade de Deus para nós não é mais do que o Seu amor. Tirar tempo para reflectir ou «meditar» nos aspectos deste projecto que começámos a compreender e que nos tocaram mais – que são, para nós, fonte de felicidade – pode permitir o crescimento de uma vida plena e autêntica em nós.
- A que aspectos da minha vida posso aplicar, por um lado, a imagem de uma árvore que floresce e, por outro, a da palha?
- Há, na Bíblia, – nas palavras e gestos de Cristo, por exemplo – algo em que possa, mesmo se pouco, colocar o meu «enlevo»?
- O que significa, para mim, «meditar» sobre este assunto?

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