Meditação de Taizé


Meditação vinda fresquinha de Taizé para este mês.

Junho

Salmo 42: Sede de Deus
Como suspira a corça pelas águas correntes,
assim a minha alma suspira por ti, ó Deus.
A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo!
Quando poderei contemplar a face de Deus?
Dia e noite as lágrimas são o meu alimento,
porque a toda a hora me perguntam:
«Onde está o teu Deus?»
A minha alma estremece ao recordar
quando passava em cortejo para a Casa do Senhor,
entre vozes de alegria e de louvor
da multidão em festa.
 
Porque estás triste, minha alma, e te perturbas?
Confia em Deus: ainda o hei-de louvar.
Ele é o meu Deus e o meu salvador.
 
A minha alma está abatida:
por isso, penso muito em ti,
desde as terras do Jordão e dos montes Hermon e Miçar.
De abismo em abismo ressoa
o fragor das águas revoltas;
as tuas vagas e torrentes passaram sobre mim.
Durante o dia, o Senhor há-de enviar-me os seus favores,
para que eu reze e cante, à noite, ao Deus que me dá vida.
 
Quero dizer a Deus: «Tu és o meu protector,
porque te esqueces de mim?
Porque hei-de andar triste sob a opressão do inimigo?»
Quebram-se os meus ossos,
quando os inimigos me insultam
e repetem a toda a hora:
«Onde está o teu Deus?»
 
Porque estás triste, minha alma, e te perturbas?
Confia em Deus: ainda o hei-de louvar.
Ele é o meu Deus e o meu salvador.
 
(Salmo 42)
Quando o salmista diz que a sua «alma» tem sede de Deus, não imagina uma sede puramente espiritual ou intelectual. A palavra «alma» sugere muito mais o facto de a sua sede vir do fundo do seu ser e afecta tudo o que lhe é vital. Para quem tem esta sede, viver sem Deus já não é viver, pois sobre esta terra a vida só é plena num louvor a Deus.

Neste salmo há a expressão de um exilado que se encontra longe do lugar onde se reúne o povo de Deus, longe do Templo onde os fiéis vão para encontrar Deus e ver a sua face. É a recordação das celebrações comunitárias que alimenta a sua sede (v.5). Está, por isso, intimamente ligada à experiência de todos os outros que também procuraram Deus e lhe cantaram.

Poderá a linguagem deste salmo tornar-se minha também? Ou será demasiado forte para mim que conheço tão mal Deus? Porque, na realidade, de que tenho eu sede nesta terra? Mesmo se passei por muitas dificuldades, valerá a pena pensar que sou um exilado aqui em baixo?

Não posso, no entanto, negar que em cada uma das realidades nas quais posso ter sede (um grande amor, uma ordem social mais justa, etc.), sou inevitavelmente reenviado a outra realidade, mais duradoura. Pois tudo o que posso ardentemente desejar não vai nunca saciar a minha sede. O fundo do meu ser deseja sempre, afinal de contas, uma comunhão que não falte, uma comunhão completamente inabalável, uma alegria que esteja para lá de toda a alegria (Salmo 43,4).

Este salmo pode, assim, orientar a minha oração. Mas o que é que recomenda para o tempo presente onde tudo parece árido?

O salmista exorta-se a si mesmo: «Espera em Deus» (v. 6, 12). Podemos traduzir por: «Espera Deus». Aceita que a tua verdadeira sede permaneça aberta. Não a preenchas respondendo aos desejos que estão mais à mão. Como diz Jeremias, não substituas a fonte de água viva pelas «cisternas rotas, que não podem reter as águas» (2,13). Uma vida humana é bela quando é, até ao fim, uma espera aberta que só Deus pode preencher.

«Espera em Deus, minha alma: ainda o hei-de louvar.» (v.6) Eis a orientação. Vem o dia em que eu poderei cantá-lo de novo. É, portanto, para o louvor que eu continuo a dirigir a minha vida. E ao esperar, eu tenho confiança: Deus não falhará em pedir à sua graça que esteja comigo ao longo do dia, enquanto durante a noite um cântico vindo dele me levará como uma oração (v. 9).

 De que tenho eu sede (para a minha vida pessoal, para o mundo, para a Igreja)? Serão alguns desejos mais importantes que outros? Quais?

 O que significa para mim a expressão «sede de Deus»? Como podemos desejar uma realidade invisível e intangível?

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